O final de ano nos permite refletir. E lembrei da pergunta que mais fiz aos meus clientes e alunos em tantos anos de profissão. Provavelmente tenha sido: “QUAL É A ESTRATÉGIA?”. E digo, não importava se o negócio faturava R$500 milhões, ou 1% disso. Se estava tudo no papel, ou “nas ideias”. Com enorme frequência, o questionamento era o mesmo. E as respostas? Objetivos, intenções, ações, e “formas de fazer a coisa acontecer”. Mas, por que será?
De nada vale uma estratégia, se ela não for executada. Todos sabemos disso. Bossidy e Charan (“Execution: the discipline of getting things done”, 2002) escancararam definitivamente essa noção. “Ideias são fáceis. Execução é tudo”, afirmou John Doerr em “Measure What Matters:…” (2018, p. 6), livro no qual ensina o método dos OKRs (Objectives and Key Results), que criou na Intel, e implantou ainda no início do Google. Basicamente, um sistema que parte da identificação de um objetivo corporativo, desdobrando-o (ao ponto de se assemelharem a ações), distribuindo-o pela organização. Ainda há mais tempo, Norton e Kaplan (gosto do artigo “Having trouble with your strategy? Then map it; HBR, 2000) escreveram sobre um forma de explicar a estratégia aos executivos, melhorando suas chances de implementação. E chegaram ao Balanced Score Card. Nos três casos, e em outros tantos, ferramentas para ajudar a vencer “no campo de batalha”.
Em 1770, Antoine Hippolyte distinguiu tática de “grande tática”, aquela necessária para organizar as táticas. Nove anos depois, referiu-se à estratégia como algo no plano do general, enquanto à tática como um conjunto de decisões afeito ao campo de batalha. Já o general franco-suíço Antoine-Henri Jomini, autor de “Arte da Guerra” (1838), afirmou que a estratégia decidia ONDE ATACAR, logo após a logística levava as tropas e suprimentos, então as táticas definiam como melhor executar no campo de batalha.
O estilo prático, o instinto de resolver problemas, e a atenção às melhores ferramentas por parte de clientes e alunos são virtudes que acredito explicarem a repetição de minha pergunta durante tanto tempo. De fato, é a luta que faz vencer as batalhas, e o sucesso nelas é que conduz às vitórias nas guerras. Mas “um passo atrás” é indispensável para compreender bem o problema, e assim acertar na SOLUÇÃO, deixando bem claro o “CAMINHO” por “onde” se deve atacar o PROBLEMA. Ainda não inventaram como “pular” aquela etapa mental, abstrata, e demorada que trata do pensar e imaginar. Ainda que Bossidy e Charan (2002, p. 7) entendam que “Tanto se pensou em estratégia que ela não é mais um desafio intelectual. Você pode contratar a estratégia que quiser de uma empresa de consultoria” (trad. livre), terei que discordar. Evidentemente, sem execução não há resultado. Mas é a estratégia que alinha as ações. Errar nela é mandar as tropas para o lugar errado… Então, por mais que se queira ir “com tudo à luta”, é recomendável questionar-se antes… “Qual é a Estratégia?”.