A Estratégia no Novo Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC

O novo Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC, lançado em agosto deste ano, ampliou o papel do Conselho de Administração em aspectos estratégicos, sustentabilidade e stakeholders, mantendo uma abordagem flexível que permite diferentes interpretações e propostas especializadas para cada organização, sem ser excessivamente normativo.

Quando eu era criança, uma professora de literatura me ensinou que um mesmo livro permite diferentes interpretações. E que isso é bom. Com o passar do tempo, notei que até mesmo as leis são interpretadas de formas diferentes. Mas isso eu já não sei se é tão bom assim. Em agosto deste ano, tivemos o lançamento da 6ª edição do consagrado guia de melhores práticas desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Curioso, busquei compreender as mudanças ocorridas no papel do Conselho de Administração (C.A.), mais especificamente em detalhes no tocante à sua função com relação à Estratégia Empresarial.

Antes de ler “como ficou”, procurei recordar “como eram” as melhores práticas recomendadas. Resgatei a primeira edição do Código (1999, p. 5), onde consta a proteção do patrimônio e o zelo pelo Propósito. Na mesma página, do documento de apenas 15 páginas, havia uma referência para “(…) determinação de estratégias (…)” dentre as atividades de competência do C.A. Bem direto ao ponto. Depois disso foi a vez da quinta edição, aquela que estávamos mais acostumados. Observei que, com relação ao texto recém lançado, a prerrogativa da Estratégia foi ampliada em Sustentabilidade e reforçada em stakeholders. Também pude notar certa simetria entre transformação e inovação. Veja a íntegra do texto (2023, p. 31) no destaque desta publicação. Mais adiante, o documento vai aos temas que devem ser focados pelos conselheiros para o cumprimento do propósito da organização. O “pensamento estratégico” foi adicionado na nova versão, mais precisamente na p. 33, letra f. Em minha opinião muito corretamente, pois é o tipo de estímulo/incentivo que promoverá a estratégia em linha com a Governança pretendida pelo IBGC. O desafio é “como fazer”. Mas até nisso vi inteligência na redação, pois abre possibilidades para métodos e propostas variados para desenvolver a sabedoria nos negócios. Em “Saberes Estratégicos: é preciso mais do que conhecimento para a Gestão Empresarial” (Sulina, 2009) busquei tratar desse tema.

Se um mesmo texto permite diferentes interpretações, digo que gostei do novo Código. No que se refere à Estratégia Empresarial, pareceu-me na medida certa, sem ser demasiadamente normativo. Permite espaço para que diferentes especialistas proponham detalhes, conforme as diversas características e situações que podem envolver as organizações. Assim é no que se refere à construção e o compartilhamento do pensamento estratégico, que considero um enorme desafio na prática. Demonstra também haver a devida atenção aos stakeholders e à inovação, sem perder o foco naquilo que entendo como a essência de uma organização, que é realizar um papel relevante, sem jamais esquecer de produzir riqueza e prosperidade para quem empreendeu e tomou risco. Nesse exato ponto, a 6ª edição manteve a “essência raiz” do primeiro texto lá de 1999. Ou, ao menos, foi isso que interpretei…

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