Há algum tempo, recebi o e-mail de uma conhecida empresa que vende cursos informando que “(…) a análise SWOT não serve para nada”. Nos meses seguintes, ouvi algo semelhante de outras pessoas. Basicamente entendem que a referida matriz é estática, o que pode ser fatal em “ambientes VUCA”. E citam exemplos de empresas que sabidamente não se adaptaram bem às transformações, como Kodak e Blockbuster, dentre outras, sugerindo, ainda, que a derrocada das mesmas ocorreu em função da crença excessiva em suas potencialidades. Discordo que a SWOT não seja mais útil, e recomendo cautela com essa relação direta entre o instrumento e o insucesso.
Primeiro quero destacar o valor histórico deste mecanismo de análise, que auxiliou enormemente na compreensão de que estratégia não se aplica igualmente às empresas, mas depende de contexto interno e externo, noção não tão clara antes dos anos 1960. E talvez algo desconhecido por novos gurus digitais, que frequentemente pregam soluções idênticas para todas as organizações. Em segundo lugar, é um equívoco entender que a SWOT é estática. Da forma como li e ouvi, parece algo feito uma vez por ano, ao invés de exercício permanente de estudo de caso, como de fato deve ser. Ainda, apontar para o insucesso relacionando-o à má leitura na dinâmica das potencialidades é fácil. Mas a explicação pode não passar pela SWOT, quem sabe pelo “Dilema da Inovação”? (Christensen, 1997). Ou, quem sabe, se trata simplesmente de escolha estratégica, não de falha na análise?
A Análise SWOT é uma dentre tantas alternativas que o administrador possui em sua “caixa de ferramentas” de estratégia. Lá convivem recursos criados desde as primeiras noções de gestão baseada em recursos (Penrose, 1959) e de atividades orientadas para objetivos de longo prazo (Chandler, 1962), até as mais recentes, como o Storytelling, que nada mais é do que um formato de comunicar outras tantas ferramentas, como, por exemplo, a própria SWOT. Isto sem falar dos modelos anteriores à Estratégia de Negócios, como as experiências em política e em guerra (Sun Tzu, Kautilya, Clausewitz, Jomini, etc), também úteis e disponíveis às análises e tomadas de decisões. Ou seriam noções que também perderam validade? Não creio.
A SWOT continua a ser uma excelente opção de análise, que aliás serviu de referência à outras, e que ajuda muito a pensar. Entretanto, sua eficácia dependente do caso e da aplicação, assim como todo o restante das ferramentas disponíveis. Não há roteiros fixos para a estratégia. Tudo depende do problema em questão, que obviamente não é estático. Mas é válido observar também um fenômeno que se repete na história da administração. À cada nova geração de gestores surgem novos modelos, e alguns que funcionaram muito bem até então passam a ser classificados como “ultrapassados”. Surgem modas e gurus, mas o tempo acaba por colocar as coisas em seus devidos lugares. O que tem valor tende a perenidade, enquanto a espuma se desfaz.