Conhecimento X Sabedoria: Kautilya sabia das coisas…

Kautilya oferece insights atemporais sobre a diferença entre conhecimento e sabedoria. Enquanto o conhecimento é fundamental para a gestão eficaz, é a sabedoria que capacita os líderes a tomar decisões que equilibram as necessidades imediatas com as exigências futuras, destacando a importância dos valores éticos na condução de organizações complexas ao longo do tempo.

O Plano Real recolocou a competição como o principal desafio a ser superado pelas empresas. A abertura de mercados e o fim do “overnight” tornaram imprescindível dispor de diferenciais. Além disso, sinalizaram grandes transformações à frente. Daí veio a urgência pela inovação, a sustentabilidade (seguida pelo despertar da “Sociedade de Stakeholders”) e, então, a Revolução da Digitalização. Na busca por estratégias vencedoras, o “fator humano” foi corretamente colocado como causa do sucesso. Desta forma, o CONHECIMENTO tornou-se sinônimo de valor profissional, pautando a busca e gestão de carreiras e departamentos de RH. Mais recentemente, as “soft skills” receberam o devido valor. Porém, algo maior ficou sem a devida atenção.

Kautilya foi um estadista indiano que viveu durante o quarto século antes de Cristo. Suas ideias podem ser úteis para compreender os limites da “gestão por conhecimento”. Em sua visão, informações e conhecimento eram insuficientes para governar. Considerava os dados organizados, assim como métodos e abordagens técnicas, elementos fundamentais para a boa condução do Estado. Entretanto, em sua opinião, a gestão por SABEDORIA era a chave para alcançar as melhores decisões, ou seja, aquelas capazes de conciliar as necessidades do curto prazo com as exigências mais consistentes do futuro.

Kautilya sabia das coisas. Há muitos séculos, reconhecia que de nada adiantam informações se os saberes do tomador de decisões não corresponderem à altura de seus desafios. Por isso, destacou, por exemplo, a importância determinante dos valores do estadista. Segundo ele, uma visão ética é essencial na condução bem-sucedida de organizações complexas ao longo dos anos.

Pode-se dizer que a fonte da sabedoria, a partir do pensamento de Kautilya, tem origem na racionalidade ampliada, no senso de observação e na educação. Por racionalidade ampliada, deve-se compreender a capacidade de dividir problemas com pessoas sábias e, com elas, buscar identificar as melhores soluções. Ainda assim, reforçou, sem abrir mão de sua responsabilidade como decisor. Já o senso de observação trata da sensibilidade e da atenção para perceber e discernir, sem as quais o diagnóstico fica comprometido. Finalmente, a educação que o gestor recebe merece destaque para que o mesmo seja capaz de construir três indispensáveis potencialidades: o caráter, que se refletirá em sua administração; as capacidades cognitivas, indispensáveis para refletir e sintetizar; e o autocontrole, sem o qual o sujeito pode desviar-se de seu dever.

Está cada vez mais claro que informações e ferramentas de gestão não se bastam. Na verdade, o GESTOR é o principal e determinante instrumento para formular entendimentos complexos e tomar decisões sábias. A administração é uma ciência e uma arte que dependem de JULGAMENTO. Nos tempos de Kautilya, ainda hoje e, arrisco afirmar, também no futuro.

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