Nada fácil é a função do administrador. Administrar é decidir. E decidir, cada vez mais, tem se tornado exercício de complexidade. Formular estratégias, então, desafio ainda maior. Resolver problemas e capacitar a empresa para competir no futuro exigem sabedoria e capacidade de julgamento. Neste contexto, em publicação anterior, defendi que o “know-how”, conhecimento prático cujo campo é o saber “como fazer” possui enorme valor. No entanto, a decisão sobre “o que fazer” não só vem antes, como é mais importante, pois acaba por delimitar (restringir) as formas como implementar uma solução (a estratégia). Desta forma, o “know-what” carrega em si o “TRADE-OFF”, tema de suma importância quando o assunto é formulação estratégica em tempos como os que vivemos.
A construção de estratégias (“o que fazer”) deve partir, antes, da definição clara de objetivos (“onde chegar”). Só então vêm os projetos, ações ou iniciativas (o “como fazer”). A estratégia define o “caminho” a ser percorrido entre o ponto atual e a intenção. Ações estratégicas devem representar o formato mais sábio e aderente à estratégia empresarial escolhida para atingir os objetivos propostos. Quando analisamos um problema (desafio) empresarial, ou quando estudamos atentamente uma Matriz “SWOT” (Potencialidades, Fraquezas, Oportunidades, Ameaças), muitos projetos estratégicos vêm à tona como soluções para fortalecer vantagens competitivas, para reverter fragilidades financeiras, etc. Eis a importância que o “TRADE-OFF” desempenha na estratégia empresarial. A “escolha eletiva”, ou seja, a definição de um caminho em detrimento aos outros tantos possíveis, traz importantes benefícios em termos de clareza, direcionamento, e racionalidade no uso dos recursos das organizações.
“Vamos por aqui, não por ali” está na essência da estratégia. Igualmente, a noção de que as escolhas podem (e devem) ser móveis, isto é, “e agora vamos mudar para lá” é algo frequentemente esquecidos pelos críticos. Evidentemente, nenhuma escolha é para sempre. Mas é razoável defender que decisões estratégicas bem tomadas resultem em mensagens claras do tipo “é por aqui que iremos, com sinergia e comprometimento, ao menos até o momento em que os fatos nos convençam do contrário…”.