O storytelling trata, basicamente, da habilidade de vender ideias por meio da “contação” de histórias. Empresas e pessoas têm se beneficiado muito dessa técnica para explicar produtos, ideias, e para criar engajamento. Grandes líderes são ou foram excelentes contadores de histórias. Como não lembrar da icônica apresentação de lançamento do Iphone realizada por Steve Jobs? Ou do curioso fato de Richard Branson preferir avaliar histórias de candidatos em busca de investimento, ao invés de planos de negócios? Poderia citar ainda a palestra de Nando Parrado sobre o episódio que ficou conhecido como “Tragédia nos Andes”, surpreendente em sua mensagem final.
Uma história possui essencialmente três partes: um fato ou evento sobre o qual acontece o início da narrativa (o problema, ou gap), seguido da transformação (o desafio) e, finalmente, a mudança (o “novo patamar”) para melhor e a lição aprendida. Assim sendo, o seu campo é formado basicamente por eventos pretéritos. Então, qual a relação disso com o planejamento, que trata de realidades a serem construídas? O storytelling não é exatamente uma ferramenta de formulação estratégica, muito embora “imaginar uma história” (diferentes possibilidades, em distintos cenários) possa ser (e é, em minha opinião) um exercício magnífico para pensar e criar estratégias. Narrativas futuras alimentam-se seletivamente de casos passados e de informações para construir um fio condutor capaz de produzir um desfecho desejado. Bons planos eliminam gaps e constroem pontes. E, quando deliberados, precisam ser implementados. Então, como se sabe, torna-se indispensável que as ideias neles contidas sejam compreendidas e “compradas”, tanto pelo conselho, que aprova, quanto pelo nível tático, elo fundamental para a execução.
Qual é a “história do seu Plano”? A síntese de sua ideia? A estratégia é uma “tese” que simplifica a solução para um problema complexo, logo, tem de ser contada. Se ela tiver lógica, e se for narrada de forma atrativa, vívida, e que tenha significado no contexto dos ouvintes, então fará sentido e será “comprada”. Mas se ela conseguir tocar os seus corações, então terá alma, e poderá despertar os sentimentos necessários ao engajamento que diferencia as melhores empresas, marcas e ideias. Ingrediente fundamental na construção do propósito.